13 de jun. de 2012

A doutora Waldivia Maria de Jesus fala sobre alfabetização e letramento

Waldivia Maria de Jesus nos concedeu uma entrevista sobre alfabetização e letramento.
Waldivia possui graduação em Língua e Literatura Portuguesas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992) e mestrado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de são Paulo (2011). Experiência no ensino de Língua Portuguesa, na Educação Básica, atuando na Secretária Municipal de Educação, EMEF. Otoniel Mota.


Currículo Lattes de Waldivia Maria de Jesus



Nos anos iniciais se fala muito em alfabetização e letramento, para senhora, o que significam esses termos e como associá-los ou aplicá-los durante o processo de aprendizagem dos alunos?
Waldivia Maria de Jesus: A alfabetização refere-se ao desenvolvimento de habilidades do sujeito para codificar e decodificar signos linguísticos, como condição básica para que ele exerça a ciência da leitura e da escrita. O letramento é uma extensão qualitativa da alfabetização, pois visa ao desenvolvimento de habilidades para que o sujeito faça uso dos códigos linguísticos de maneira interacionalmente satisfatória. Nas fases de desenvolvimento mais avançadas, a alfabetização e o letramento devem ocorrer de modo simultâneo, por meio do incentivo à reflexão sobre a linguagem e seus diversos usos, de acordo com o tempo, o lugar e as pessoas envolvidas no evento discursivo.


Existe um método eficaz de alfabetizar e letrar o discente?
Waldivia: Existem várias metodologias de ensino que podem contribuir para alfabetizar e letrar o educando de modo simultâneo. Os métodos ativos parecem ser os mais eficazes. Esses métodos privilegiam a reflexão sobre o objeto de ensino em questão, focalizando-o sob diversos ângulos, designando suas diferentes faces e relacionando-as com outros elementos e outros contextos.


O que permite que leitura e escrita sejam aplicadas de uma maneira eficaz?
Waldivia: A reflexão sobre as diferentes funções da linguagem consiste em um dos fatores que contribui para que as atividades de leitura e escrita se processem de maneira significativa e eficaz.


Quais são os desafios no trabalho com gêneros textuais? Os contextos socioculturais dos alunos influenciam muito?
Waldivia: A qualidade da formação dos docentes pode constituir desafios para  trabalhar com textos, numa abordagem de gêneros, uma vez que essa abordagem requer do professor conhecimentos de vários aportes teóricos, tais como: a Sociolinguística, a Psicolinguística, o Funcionalismo, a Análise Crítica do Discurso e outros aportes teóricos afins. Por meio do aprofundamento desses conhecimentos, o professor poderá encontrar os meios mais eficazes para orientar os alunos, de acordo com suas cognições socioculturais.


O professor precisa de que competências e habilidades para que esse trabalho aconteça com bons resultados?
Waldivia: O professor precisa buscar aprofundamento teórico e experimentar a aplicação dos diversos aportes teóricos às praticas de ensino de linguagem.


Na sua opinião, como se dá uma avaliação que auxilie o professor e o aluno nesse processo de leitura e produção escrita?
Waldivia: A metacognição ou a reflexão sobre os processos de ensino/aprendizagem deve nortear os processos avaliativos, pois quando os sujeitos desses processos expõem ideias e dúvidas, eles elevam o grau de consciência sobre seu fazer e sobre o grau de dificuldade que encontram para realizar uma determinada tarefa. Essa avaliação é essencial para redimensionar as ações e buscar o caminho para obter sucesso na construção do conhecimento em questão.


Qual o papel da escola nesse processo de aquisição de leitura e escrita?
Waldivia: O papel da escola é fornecer bases para a construção de uma cultura que valorize o desenvolvimento das capacidades leitora e escritos dos alunos.


E a família onde entra nesse processo?
Waldivia: As famílias têm um papel importante no processo de leitura e escrita das crianças e dos jovens. Para despertar o gosto pela leitura, os pais devem criar o hábito de ler histórias infantis para seus filhos. E, à medida que os filhos forem desenvolvendo a competência leitora, os pais devem solicitá-los para que leiam histórias para eles ouvirem.


Qual a importância social de se formar bons leitores e escritores?
Waldivia: A formação de leitores e escritores é de extrema importância, pois, ao veicular, pela linguagem, os significados/sentidos que desejam e, ao interpretar os significados/sentidos que chegam até eles, a vida deles ganha em qualidade, uma vez que   passam a perceber o quanto são capazes de transformar suas relações com o mundo ao mesmo em que são transformados.


A senhora acha eficaz a proposta de ensino (currículo) para Língua Portuguesa? Ela ajuda o professor à planejar suas aulas?
Waldivia: A língua é a base de tudo, portanto deve ter lugar privilegiado em todos os currículos. O professor que tiver competência linguística, comunicativa e sociocultural, com certeza, terá maior habilidade para planejar suas aulas e operacionalizar seu plano de curso, de acordo com as características de seus alunos.


Qual reflexão a senhora deixa para todos quanto à educação em geral?
Waldivia: Caros educadores, não se sintam culpados, caso pensem que suas ações surtem pouco efeito positivo sobre a educação, se pensam assim é porque vocês são excelentes educadores e estão sempre buscando novas maneiras de ensinar para atingir a excelência desejada.  

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